terça-feira, 8 de novembro de 2011

Sobre o renascimento.

Crescimento populacional

 

Roberto Catttani/Página 3  

 Florença, um dos centros do Renascimento na península Itálica

Assim, a Europa vivia em meados do século 10 uma relativa época de paz, já que os ataques de um reino a outro haviam diminuído bastante. Essa queda no número de conflitos foi responsável por um considerável aumento populacional: em 300 anos a população da Europa cresceu de 8 milhões para 26 milhões de habitantes. Isso gerou um excedente populacional, que começou a necessitar de mais espaço e a expandir-se para fora dos feudos.

Anteriormente, havia a população de comerciantes, negociantes e artesãos que, devido à sua prática profissional itinerante, começaram a se fixar no entorno dos feudos, constituindo, assim, as vilas e burgos. Dessa forma, aqueles que moravam nessas localidades eram conhecidos como burgueses e, ao longo dos séculos, essa denominação passou a denominar os comerciantes e os homens ricos.

Com o aumento demográfico na Europa, a população dos burgos foi crescendo também. Isso se dava porque muitos servos acabavam por fugir dos feudos para escapar das imposições da relação servil. Ou ainda, porque aqueles servos que mais causavam problemas aos seus senhores eram expulsos de suas terras, indo engrossar a população das vilas. Assim, essas pequenas localidades começaram a crescer e se tornar importantes concentrações de trabalhadores livres e comerciantes, onde passaram a ser organizadas feiras permanentes, o que resultou no surgimento de inúmeras cidades.

O renascimento das cidades

Como anteriormente a maior parte da Europa era constituída por feudos, esse processo foi chamado de "Renascimento urbano", pois as cidades voltaram a se tornar importantes núcleos econômicos. Ao mesmo tempo, isso indicou também a decadência dos vínculos feudais, pois os moradores da cidade passaram a negociar com os senhores o fim do pagamento de tributos e serviços, através da compra da chamada carta de franquia.

O aumento da liberdade política e econômica foi propiciando o aprimoramento do trabalho urbano. Os artesãos, que faziam os produtos consumidos pelos europeus, passaram a ser organizar em entidades para além de suas cidades. Para isso, formaram as guildas e as corporações de ofícios, que eram associações de trabalhadores de determinados profissões. Por exemplo, uma corporação de sapateiros ditava as normas de fabricação de seus produtos e as formas de sua comercialização, a fim de proteger esses profissionais no mercado e propiciar seu lucro.

Desenvolvimento da agricultura

Ainda que tenha favorecido principalmente o comércio, essa expansão espacial pelo continente europeu foi estimulada até pelos nobres feudais. Os donos dos feudos viam seus campos serem esgotados pela exploração contínua e tinham interesse em expandir suas riquezas territoriais. Assim, incentivavam a ocupação de outras áreas por seus servos, que através de outras formas de cultivo (como a utilização rotativa do solo) e do uso de um tipo de arado mais resistente, conseguiram expandir também a produção agrícola, num processo chamado de "Renascimento agrícola".

Houve, por sua vez, um outro fator que caminhou paralelamente a esse novo comércio europeu e foi, ao mesmo tempo, o que contribui para que ele se expandisse mais: as Cruzadas. A Igreja católica, aproveitando-se da legião de homens desocupados nos centros urbanos, começou a realizar expedições para além dos limites continentais, dando um outro sentido para a economia medieval.

Com a justificativa de conquistar povos para a fé cristã e ao mesmo tempo reconquistar territórios de outros povos, nasceram as Cruzadas, expedições militares e religiosas que foram praticadas durante quase 200 anos, entre os séculos 11 e 13. Foram realizadas oito dessas expedições nesse período, que atravessaram o continente europeu, cruzaram mares e chegaram a outros continentes. Isso fez com as rotas comerciais acompanhassem esse traçado aberto pela cruz e pela espada.

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